Conto 05 – Parada Estratégica para um Jantar nem tão Romântico (por Lygia Alves)

Espaço, a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar USS Enter….espera, acho que algo se confundiu…Espaço, sim o Espaço, grande vácuo preenchido de estrelas e planetas, e asteroides, asteroides, grandes pedações de pedra flutuando pelo Espaço, grandes até até para terem sua própria força gravitacional, alguns seres até moram dentro deles, enormes asteroides…mais uma vez parece que o foco foi perdido….e afinal qual era o foco mesmo? Uma nave! Sim, uma nave flutuando no vasto Espaço, uma grande nave em formato de C, tão grande que de primeira vista até pareceria um cargueiro, e de fato o seria não fosse o enorme canhão de plasma pendurado em sua parte inferior e duas cabines de lasers uma em cada extremo. Nas laterais lia-se BABE-10932, os números que classificavam uma nave da série Ebow Hawnk projetada para longas viagens e cujo melhor atributo se dá na quantidade de carga que ela pode suportar e mesmo assim não perder em velocidade. Não era uma nave de batalha, apesar das cabines de laser estarem dentro do seu design original, serviam apenas com o intuito de defender a nave. O canhão não pertencia a essa serie, e sim, ele seria totalmente ilegal se a nave não estivesse aos serviços da Ordem. Completamente inútil como nave de combate, visto que não se tratava de um modelo compacto, era, de fato, rápida pra uma nave daquele tamanho, mas o canhão seria considerado um peso morto devido ao impulso que dava ao ser acionado, destruiria a nave por completo com o grande impacto, mas isso somente se aplicaria se fosse um bom piloto que a conduzisse.

Algo supõe que se deve focar no piloto, embora outro algo impila que a nave e não o piloto seja o personagem principal nesse relato, mas vamos ignorar esse outro algo e também a outra nave, pequena e quase imperceptível que se aproxima da grande. Parece que é mais importante falar sobre quem está dentro da Ebow Hanwk modificada….a nave pequena? Não, ela é não tripulada, há apenas um androide lá dentro, não parece ser importante.

Três são os tripulantes da grande nave em formato de C, dois humanoides, um pássaro. O capitão da nave e seu parceiro, ambos Senhores de Castelo, e um corvo. Micah não é um bom piloto, se o fosse sua nave teria sido destruída anos atrás, quando resolveu que seria uma boa ideia colocar aquele canhão de plasma e quase todos os engenheiros da Ordem alegaram que ele estava completamente insano….essa sim é uma boa palavra para Micah e seu grau de pilotagem…ele era insano e isso por alguma razão tornara-o o melhor (ou mais temido, como preferir) piloto já conhecido em dois dos quadrantes do Multiverso. Cerca de 39 anos de idade, cabelos castanho escuro, medianamente compridos e sempre bagunçados, o que lhe dava um certo charme a mais pois eram levemente cacheados e que combinavam perfeitamente com a pele um tanto bronzeada e com o desleixado visual da barba por fazer. Os olhos negros olhavam sonhadoramente para a tela acima do painel de controle, via uma anã branca ao longe e em sua cabeça nomeava todos os planetas que a rodeavam.

Atrás dele, em pé e com um ar impaciente e irritado estava Dubren, a pele branca como porcelana, os longuíssimos cabelos loiros brilhavam a luz da estrela mais próxima que emitia um brilho azulado, 32 anos e poderia facilmente passar por um adolescente não fosse a expressão pesada que sempre levava consigo. As sobrancelhas cerzidas, indicavam sua indignação, as pálpebras fechadas, indicavam a ausência dos olhos que um dia lhe foram arrancados, não que agora isso fazia muita diferença, a falta deles nunca fora empecilho para conquistar sua atual posição….só não entendia o que um combatente tão bom quanto ele fazia preso ali com o mais retardado dos pilotos que já existira, a parceria já durava vários anos e mesmo ao tentar rompe-la não teve escolha se não voltar a ela.

Fato era que não havia muitos que conseguiam lidar com o temperamento de Dubren, na verdade Micah era o único que conseguia ficar mais de dois dias com Dubren sem tentar matar ou cometer suicídio. O segredo? Ninguém sabia muito bem, mas Micah era do tipo que atraia as pessoas ao seu redor, como um planeta que possuía muitos satélites naturais e Dubren era como um buraco negro que sugava tudo para sua imensa melancolia. Ah, e há também um fator que talvez não faça tanta diferença assim, mas Micah era maluquinho por Dubren, e dizem que o amor é cego…não cego que não enxerga, mas um tipo de cego que perdoa as caras fechadas e as picuinhas do dia a dia, e os socos, e os chutes, e os tapas, e os comentários ácidos, e os objetos atirados contra si, e os xingamentos gratuitos, e entre outras coisas corriqueiras na vida dos dois.

E só pra variar um pouco (esse comentário foi irônico) Dubren estava de muito mau humor, o motivo? Teria a ver com algo já esquecido no decorrer da narrativa, não vem ao caso, afinal, Dubren está sempre de mau humor (esse comentário não foi irônico)

“Micah!”

A voz de Dubren se fez ouvida em alto e bom som, ansiosa e cheia de raiva.

“Sim querido?”

A resposta foi como todas as que eram dirigidas à Dubren por Micah, cheia de dengo e ternura, agora um tanto sonhadoras, estava tentando lembrar o nome do planeta mais distante da estrela da galáxia ao lado da anã branca que analisava anteriormente. Estava em duvida se começava com P’ri ou Turi. Não lembrava da oclusão glotal no nome do planeta, mas ainda assim a língua ali falada tinha varias, podia ser bem possível que confundira a fonética.

“Olhe pra mim!”

“Estou olhando amor.”

“Não você não está. Olhe pra mim e responda minha pergunta.”

Micah não estava mesmo olhando, e foi o corvo quem revelou o fato a Dubren, cutucando seu ombro duas vezes para negar a fala que Micah acabara de proferir. O piloto virou sua cadeira, não iria ficar bravo com o pássaro que só estava fazendo seu serviço, mas ainda assim magoava ser dedado assim tão na cara dura.

“Desculpe, devia saber que não posso te enganar, e sim, eu te amo!”

Algo foi atirado contra a cabeça de Micah, que deteve o projétil a centímetros de ele atingi-lo na testa.

“Que lindo da sua parte me atirar a faca sem ponta, mas nas suas mãos, meu doce, ela é tão letal quanto qualquer outra. Não fique com essa cara zangadinha, sabemos que ela é a mais fofa do mundo, mas não queremos machucar ninguém hoje, não? Eu jurava ter ouvido você perguntando se eu te amava…tah, a colher também é perigosa nas suas mãos, vamos parar de atirar talheres, sim?…Você me perguntara Por que…?Por que…? ah sim claro…um por que.”

Levantava-se da cadeira do piloto, algumas luzes piscavam no painel de controle acima do enorme e pesado manche, assim que deixou o assento um longo Bip foi emitido, sorriu e apertou alguns botões.

“Não fique assim Bebê, estava contigo até agora, não se esqueça que você e o loirinho ali são minhas duas paixões, não posso dar prioridade a nenhum.”

Antes que mais um talher, agora um garfo fosse atirado, Dubren soltou um longo suspiro e colocou-o de volta na mesa ao seu lado. Respirou fundo e contou até dez.

“Eu perguntei por que, em nome de todas as estrelas do Multiverso….”

“…tem uma mesa de jantar aqui na cabine de comando? Eu sei, deixaria qualquer um confuso, mas eu vi esse lindo brilho azul dessa estrela aqui perto e o clima pedia por um jantar romântico, você não acha?”

A mesa estava preparada com uma infinidade de pratos diferentes, os talheres brilhavam com a luz azul que entrava pelas janelas enormes da cabine, Dubren pegou a primeira coisa que suas mãos alcançaram, uma garrafa de vinho que estava sobre a mesa, mas antes que pudesse atira-la Micah, já estava muito próximo, não notara essa aproximação, nem fora avisado. Antes que pudesse reprimir o corvo empoleirado em seu ombro por isso, ele estalara o bico duas vezes, coisa que fazia quando queria indicar que não se intrometeria nesse assunto e saiu voando parando em seu poleiro que estava próximo a mesa. Geralmente ele evitava ficar no caminho de Micah, até o corvo era mais favorável a ele do que a seu mestre, tamanho era o carisma do piloto. Como não podia mais atirar a garrafa colocou-a de volta sobre a mesa e empurrando um Micah que tentava abraça-lo por trás, soltou algo que soou entre um rugido e um suspiro. Rangeu os dentes, não era essa resposta que queria e alem do mais:

“Não passou por essa sua cabecinha oca que pra mim tanto faz se tem a porcaria dum brilho azul… alem do mais o que eu tinha perguntado era…”

“…se eu não levava você em consideração, claro que levo! O vinho é pra mim, doçura, eu sei que você não bebe, e confesso, a luz azul te deixa ainda mais irresistível, e tudo isso é pra mim e não pra você, e acho que talvez você tenha razão, as velas foram um exagero. Mas não esqueci de você, amor. Senta aí e aproveita.”

Não Dubren não queria comer e não queria sentar, mas os cheiros que invadiram seu nariz apurado o fizeram desabar na cadeira, odiava como Micah sabia como desconcerta-lo e como sabia que Dubren nunca dizia não à Opicdun, uma das especiarias de seu planeta natal, comida simples, mas que sua mãe lhe fazia quando era bem pequeno, como o cheiro de casca de Nupus queimado lhe fazia lembrar do rosto dela e que a torta de maçãs de guin era seu doce favorito. Sim, ele sentou e sim ele comeu. E mesmo cego e sem nunca ter visto o rosto do outro na vida ele sabia que agora o piloto estava ali, sentado do outro lado da mesa, com um sorriso de orelha a orelha e muito satisfeito com o que tinha conquistado.

Tomando sua bebida favorita, cok com bastante gelo, depois de ter comido o suficiente para explodir, Dubren até se sentiu mais calmo e com o pensamento mais livre ele pode pensar melhor em como lidar com a situação. Conversar seriamente com Micah era difícil, mas não era impossível, era só manter a calma e ignorar todos os epítetos românticos e açucarados que o outro usava (sim era um desafio e tanto, mas já fizera outras tantas vezes, podia fazer de novo).

“Micah, você recebeu a mesma mensagem que eu recebi há algumas horas atrás não?”

O tom era calmo, mas Micah notou a irritação de sempre escondida nas entrelinhas, sorriu divertindo-se com Dubren tentando ser calmo e controlado, quanto tempo ele conseguiria manter dessa vez? Nessas horas Micah não conseguia evitar e cutucava a fera Bor’yg com vara curta.

“Claro, carinho, foi por esse motivo que a gente saiu correndo e entrou na nave não foi?”

Uma veia pulsou na testa de Dubren, Micah segurou o riso.

“Então você entende a importância e a urgência da missão? Dessa simples missão? Que é urgente?”

Ele estava começando a falar mais pausadamente, Micah sentia a pressão no ar, como se uma bomba fosse explodir. O corvo de Dubren olhava para seu mestre com muita apreensão.

As luzes da nave se apagaram, ficando os dois a luz das velas, não que isso fizesse muita diferença para Dubren, mas aconteceu com um barulho maior que o normal e isso o deixou preocupado, alguma coisa não estava certa..

“Bebê você se antecipou, mas acho que podemos ligar a musica agora.”

Micah levantou-se e apertou um botão que havia na parede, ele abriu um painel com mais botões, ao apertar dois deles uma melodia calma, do tipo que Dubren ouvia quando precisava relaxar, começou a tocar. Micah puxou o outro pela mão, meio desnorteado ele até se levantou e deixou-se levar, os seus sentidos estavam meio confusos, eram os cheiros, os gostos, os sons e o Micah muito, mas muito perto, e ele não conseguia achar forças para empurra-lo.

Foi ai que a nave soltou um longo e sonoro estrondo, tudo se apagara, o painel parou de apitar seus Bips baixinhos, a musica parou e a grande tela, que antes mostrava o mesmo Espaço das janelas, agora estava negra e exibia uma grande barra azul com os dizeres:

ENERGIA DESLIGADA

carregando…98%

Tempo para Religagem do sistema – 00:09:45:019:0013

Dubren voltou a si e empurrou Micah que soltou um longo suspiro.

“Alguém precisa consertar esse contador, eu jurava que tínhamos pelo menos vinte minutos de Energia Reserva.”

“Micah….acho bom….e acho muito bom mesmo…você explicar pra mim o que está acontecendo e responder de uma vez por todas: POR QUE ESTAMOS PARADOS NO MESMO LUGAR HÁ QUASE DUAS HORAS?”

Sim Dubren gritou, não era do feitio de Dubren gritar, geralmente ele atirava coisas quando estava bravo. Apertava os punhos com tanta força que suas juntas estavam ficando azuis.

“Então, vida, você lembra quando a gente estava discutindo a mensagem que a gente recebeu…você lembrou que era urgente e tals…daí eu lembrei que a gente saiu correndo e entrou na nave…acontece que…”

“Micah! O que foi que você fez?”

As palavras saíram pausadamente e aquele clima de bomba relógio voltou a instaurar.

“A gente saiu tão na pressa que eu meio que esqueci de…então né…”

Duas veias saltaram na testa de Dubren e algo que não acontecia há muito tempo aconteceu, ele riu e riu às gargalhadas.

“Ah, então é isso…” disse em meio as gargalhadas “Você só esqueceu de carregar a energia da nave, só isso…”

“Não, eu esqueci o combustível dos motores também, mas eu calculei onde iríamos parar e chamei uma nave suporte, ela chegou bem há uma hora, estamos quase com a energia completa, mas acabou a energia reserva antes do que eu havia previsto, por isso ficamos meio no escuro agora…ah, não que você se importe, claro…e como a gente ia ficar parado aqui de qualquer jeito eu achei legal fazer alguma coisa romântica, já que fazia tempo que a gente não fica sozinho…”

“Você achou, foi.”

Conseguiu dizer entre o riso agora segurando a barriga de tanto rir.

“Mas não se preocupe, estaremos a caminho em menos de quinze minutos e voltaremos a nossa rota inicial…”

Depois de rir mais umas duas vezes, e ainda com um sorriso no rosto Dubren agiu tão rápido que Micah não conseguiu desviar ou pegar o projétil no meio do caminho, ainda bem quer era só uma bandeja e os dois estavam muito próximos, logo ela não poderia pegar a força suficiente para se tornar letal, mas doeu do mesmo jeito, toda a superfície da bandeja atingiu em cheio o rosto de Micah e junto com o estrondo dela caindo no chão, as luzes se acenderam e o painel voltou a soltar seus Bips.

“VOCÊ….Você é um … e Micah …e…EU VOU… seu….”

E sem conseguir formular nenhuma frase, e com o rosto vermelho de raiva, ele se virou e atravessou pela porta que se abrira com a sua passagem, seu corvo o seguiu, segundos depois a porta fechou. Os passos de Dubren eram pesados, se a porta não fosse automática era bem capaz de ele tê-la fechado com tamanha força que a teria quebrado….Isso fez Micah pensar: ainda bem que a Energia voltara, e também: fazia tempo que não via Dubren vermelhinho de raiva, tinha esquecido o quão adorável isso podia ser.

Sentou-se na cadeira do piloto ainda com um sorriso nos lábios, seu rosto ardia, era verdade, doía muito, mas sentia uma satisfação muito grande no momento. Ligara a tela de navegação e iniciara um escaneamento para saber se estava tudo em ordem. O painel soltou Bips mais altos, característicos dessa operação.

“Eu sei Bebê, está uma bagunça aqui, mas é melhor irmos andando. Por mais adorável que o meu loirinho fique quando nervosinho, não quero perder muito tempo….existem outros que vão ficar putinhos comigo e que não ficam nem um pouco bonitos assim. Afinal, era meio que urgente a gente buscar as meninas de qualquer jeito, né. Eu arrumo enquanto estivermos pulando dobras.”

O escaneamento indicou perfeitas condições e com o aval da nave Micah ligou o motor que roncou algumas vezes se acostumando ao tanque cheio.

“Não sei Bebê, provavelmente todo mundo sabe por que precisa estar essa gente toda lá, e como sempre ninguém nunca me diz nada, porque basicamente eu deveria saber…”

Colocou as coordenadas no painel e esperou a nave calcular a rota, a possibilidade de dobra e o tempo até a chegada ao destino. Soltando, como sempre, alguns Bips mais altos e ritmados conforme os cálculos eram efetuados.

“Sim, concordo, a não ser que me digam eu não tenho como saber, mas o caso é, você conhece o nosso Dudu, ele sempre acha que é mais divertido saber tudo sozinho e jogar na minha cara que eu não se de nada…faz parte da diversão de ser ele. E ele odiaria saber que eu sei mais que ele…”

A nave soltou um longo Bip indicando que os cálculos estavam feitos.

Possibilidade de dobra 89%, tempo de chegada: 00:32:13:089:0978

“Não precisa me bajular assim, eu sei que eu sou melhor do que o meu fofo em muitas coisas, mas ele está certo em dizer que eu as vezes não presto atenção nas coisas que me dizem…”

Iniciou o processo para entrar em dobra, a nave tremeu, isso sempre acontecia quando iniciavam o processo de dobra.

“Bebê, você sabe que eu sempre te escuto, você é a minha exceção, porque seria injusto com você que sempre me escuta. 32 minutos han, até que não saímos muito do percurso, parar aqui foi uma boa ideia, o local é propicio pra dobra, não há muitos empecilhos na rota, exatamente como você disse, mas estaremos quinze minutos atrasados. Já estou vendo a cara da Lulu quando chegarmos, vai querer arrancar as minhas tripas fora…”

A nave concluiu os procedimentos para entrar em dobra e aguardava a confirmação, soltando Bips repetidos enquanto a mensagem pairava na tela.

“Eu sei, a Lulu vai ter que arrancar o que o lindinho deixar de sobra pra ela…que língua ferina a sua hoje, Bebê.”

Ao confirmar a ordem as janelas se tornaram escuras e com um ultimo Bip a nave inteira se mexeu e entrou na dobra.

“Muito legal da sua parte rir da desgraça de quem te ama tanto, mas espera só, quem sabe essa reuniãozinha de pessoal seja importante o suficiente pra tirar essa vontade de matar o Micah que se instaurou recentemente nas pessoas. E tomara que as coisas fiquem um pouco mais animadas. Digo, servir de caminhão de carga e chofer da Ordem é legal…mas é sempre mais divertido poder explodir as coisas com o canhão.”

Quando a nave entra em salto de dobra seu deslocamento as vezes faz um som parecido com um assovio devido a grande velocidade com que passa de uma dobra para outra. Micah riu, sua Bebê também estava com saudades de agitar um pouco as coisas.

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