Conto 06 – Da Morte a Esperança. Da Vida a Renovação!!! (por Henrique Prieto de Oliveira)

“… – Vamos Milo, está quase na hora. – Dizia um jovem com cerca de 20 anos.

– Calma Zael… Temos 2 horas para assistir ao espetáculo. – Dizia o Irmão mais velho.

Zael fitava seu irmão e se acalmava.

– Viajamos muito pelos Mares para isso Milo, não quero perder essa chance.

Milo respirava fundo e olhava no fundo dos olhos de seus irmãos.

– Vamos jovens essa é uma oportunidade a cada 150 anos. – Dizia um Senhor de aproximadamente 70 anos.

Milo e Zael levantavam se e seguiam o velho em direção ao topo da montanha de Saaels.

– Milo, vou indo na frente – Dizia com um sorriso no rosto.

– Pode ir Zael, apenas cuidado.

-Ok. – Dizia Zael já correndo pra acompanhar o velho na frente da comitiva.

– Temos algum tempo meu rapaz, por que tanta pressa?

– Desculpa Sr. Zemo. Eu irei lhe contar, mas primeiro, por que isso acontece aqui? Ou é apenas uma lenda?

Zemo sorria. – Nunca soubemos ao certo o porquê isso ocorre meu jovem, mas sabemos que a cada 150 anos este fenômeno acontece, as almas aparecem no topo do morro Saaels para seus entes queridos como forma a despedir-se de seus entes queridos. A lenda conta que após o final da guerra dos espectros um grupo de grandes guerreiros e magos vieram para esse monte para descansar e recuperar as forças. Conforme as forças dessas pessoas foram se recuperando algo diferente aconteceu, todas as almas dos amigos e companheiros de batalhas apareceram em uma noite e este acontecimento repetiu-se por todo esse tempo a cada 150 anos, agora meu jovem o por que tanta pressa?

– Chamo-me Zael, prefiro que me chamem pelo nome. – Dizia ele encabulado. – Nosso planeta se chama Flifral e independente do quanto conseguimos nos desenvolver e entender a natureza, nosso mundo sofre com as fortes tempestades e centenas de pessoas morrem por isso. Meu irmão Milo estava para se transformar em um dos Senhores de Castelo e ele conseguiu ele foi motivo de orgulho para nosso planeta e para nossa família, enquanto fazíamos os preparativos para comemorar tal feito, uma tempestade a mais forte já registrada em nosso planeta assolou e devastou diversas cidades…. – As lagrimas começavam a escorrer pelo rosto de Zael.

– O que foi Zael?

– Milo chegou durante esse evento, e com o treinamento adquirido ele tentou diminuir o número de mortos, porém para salvar 2 crianças que seriam esmagadas por um rochedo Milo criou uma espécie de cortina de vento, e a rocha acabou matando nossos pais. Milo ficou extremamente abalado, seu olho ganhou esse tom totalmente azulado, sem pupila, um olho sem vida, sem emoções e desde então ele não conversava com ninguém e nem demonstrava sinais vitais. Eu consegui trazê-lo de volta ao descobrir sobre esse monte e é nisso que ele acredita e por isso caminha. Milo precisa ver nossos pais para pedir desculpas e conseguir voltar a viver sua vida. – Dizia em meio as lágrimas que escorriam por seu rosto.

– E você como se sente?

– Eu não tinha forças, não podia fazer nada.. Meu irmão não tinha expressão, não tinha nenhuma centelha de esperança ou de alegria. Decidi ir para o conselho dos Senhores de Castelo, expliquei o corrido e consegui virar um aprendiz, com isso tive acesso a Biblioteca a mais rica de todo o Multiverso eu acredito e com grandes Mestres consegui chegar aqui.

Zemo colocava a mão sobre o ombro de Zael e sorria. – Tudo vai dar certo, seu amor pelo seu irmão é incrível, essa é a essência do Amor Verdadeiro aquele que tanto sentimos falta no Multiverso. Bom… garotos, estamos aqui, contemplem esse espetáculo único.

Zael e Milo olhavam para o céu noturno, coberto de estrelas e com a Lua Cheia os dois passaram a se entreolhar.

– Agora rapazes. – Dizia Zemo.

Um véu púrpura, com leves tons escarlates cobria o céu, milhares de luzes, Brancas, Verdes, Azuis, Laranja e Pretas, viajavam pelo véu, vagueavam, dançavam e sibilavam pelo céu encoberto pelo céu, era como se a cada minuto o Céu estivesse mais próximo ao topo da montanha e vozes podiam ser escutadas, o som do vento já não existia, nem o de nenhum animal vivo, apenas as vozes de pessoas, lamentos, risadas era uma mistura de Amor e Ódio, Saudade e Desapego. O Coração de Zemo, Milo e Zael era encoberto pela Esperança epelo fascínio.

– Milo…. Zael…- Uma voz que vinha pelo véu dizia.

– Ali Milo… Ali – Apontava Zael. – Nossos Pais.

Milo se virava rapidamente , espantado pelo que via seu olho de tom totalmente azulada, virava-se totalmente Branco e caindo de joelhos ao chão ele se lamentava. – Desculpa Pai… Perdão Mãe.. eu não estava pronto…. eu fui fraco… não consegui proteger nosso planeta e muito menos vocês.

A alma dos pais tomavam formas, eles estavam exatamente como seus filhos se lembravam até as roupas eram aquelas com as quais foram enterrados, a imagem translúcida mostravam o quanto estavam frágeis, pareciam encobertos por uma pequena membrana e que não poderiam ser tocados.

– Milooo… você fez bem meu filho, aquelas crianças são o nosso..

A imagem dos pais estava desaparecendo. Sem entender o que se passava, Zael observava aquele véu ser sugado e ir desaparecendo.

– Mas o que está acontecendo Zemo? – Os olhos de Zael mostravam tamanha era à surpresa daquilo que estava observando.

Zemo estava sentado na posição de Lótus com as palmas das mãos em direção ao céu a energia era absorvida pelo seu corpo e a juventude renascia em seu rosto.

– Contemple Zael e Milo… essa é a grande dádiva da vida eterna… essa energia tão forte, oculta e primordial, essa energia é o começo do fim e a chave para a vida eterna e graças a vocês eu agora serei imortal e invencível. – Dizia Zemo em meio a Gargalhadas.

As imagens dos pais de Zael e Milo desaparecia pro completo. Milo caia no chão, arrasado por novamente perder seus pais e não poder dizer Adeus. Zemo preparava para levantar-se e sugar os resquícios finais da energia.

Zael partiu sem pensar nas consequências em direção a Zemo ecom toda a raiva concentrada em seu punho ele partiu com tudo tudo com um soco em direção ao rosto de Zemo.  O impacto estremeceu o topo do montanha de Saaels, Zemo foi arremessado a metros de distância e Zael estava no chão com o Braço totalmente quebrado.

– Muito bom Aprendiz. Vejo que é muito forte. Uma pena seu soco ter apenas arranhado meu rosto. – Dizia em tom de Gozação.

Zael estava espantado, a energia obscura que o corpo de Zemo exalava era assustador, era comparável a de seu Mestre Kullat, porém carregada de amargura e ódio, Zael aproximava-se de seu irmão e tentava o acordar.

– Vamos Milo, vamos embora, não somos capazes de enfrentar esse monstro. – Dizia Zael com a mão apoiada sobre o braço totalmente roxo.

-Vamos Mil…

Antes que pudesse terminar de chamar por seu irmão, Zemo apareceu atrás de Zael.

– Prepare-se garoto, você arrancou meu sangue, o sangue do imortal…. irá pagar por isso com a sua vida!!!

Com um sibilar dos dedos, seu braço crescia em tamanho e com um rápido movimento, Zael foi arremessado à alguns metros de seu irmão.

– Vamos pequeno Aprendiz.. levante.. Quero me divertir com você!

Zemo aproximava-se novamente e com outro sibilar de dedos a perna de Zemo aparecia encouraçada e com um rápido chute ele fazia com que Zael cuspisse sangue.

– Vejo que é teimoso. Olhe para seu outro braço, ambos estão quebrados!! Boa tentativa de se defender, mas você nada pode fazer contra mim. Prepare-se Zael. Seu irmão vai assistir seu fim e depois poderá descansar de todo o seu sofrimento.

– Pode matar a Mim e meu irmão Zemo, mas nosso sonho se realizou, conseguimos ver nossos Pais e mesmo que por um instante os olhos de Milo tiveram vida novamente e apenas isso fez minha missão valer a pena. Quando Milo morrer sua tatuagem mostrará aos Senhores de Castelo que ele morreu e eles virão ao seu encalço e esse será seu fim.

Zemo começava a pisar no estomago de Zael que a cada golpe cuspia mais e mais sangue. Com os olhos já quase brancos e sem vida, Zael ouviu o sibilar de dedos de Zemo e disse Adeus para Milo e desmaiou para não sentir o último golpe.

Quando a perna de Zemo estava quase atingindo Zael, uma grande parede se interpôs entre a perna de Zemo e o corpo de Zael.

– Tens muita coragem, Necromante de Abyssur. Zemo é seu nome pelo que me lembro. Agradeço a meu irmão pelos seus esforços e peço desculpas por tê-lo deixado nessa situação.

– Então finalmente acordou para a vida, Milo infelizmente vai acordar para a morte rapidamente.

Zemo virava-se rapidamente e com um simples toque apareceu com seu punho gigante para acertar Milo…. no entanto novamente a parede não o deixava acertar seu oponente.

– Zemo.. ouviu falar no senhor dos ventos o velho Virsug? Pois bem, ele criou um artefato que ajuda a controlar as rajadas de ventos que o faz o mais próximo da Natureza como um espírito, esse é o colar de Virsug e com ele você deixará de ser imortal.

– Não me faça rir, Milo, eu irei exterminar a Ordem e depois Volgo, e me tornarei o grande, o mais poderoso e perverso ser de todo o Multiverso.

Zemo movimentava os dedos para fazer um pequeno som.

– Já chega Zemo… você acabou com a imagem dos meus pais, aquilo que eu precisava e quase matou meu irmão. Este será o seu fim.

Uma rajada de vento encobria o corpo de Zemo impedindo todo e qualquer movimento que pudesse ser feito, com o corpo imóvel ele observou Milo inserir o colar de Virsug em seu braço, com os olhos assustados e com o coração batendo desesperadamente, ele entendeu que aquele seria o momento derradeiro.

Milo sentou próximo de seu irmão e começou a recitar algumas palavras na língua antiga de seu planeta.

– Melron! Saik! Ern! Triza!.

O Corpo de Zemo se desfez em pequenas partículas de pó, todas as almas sugadas eram levadas aos céus, em meio a lamúrias e desespero, o Necromante pagava por seus pecados com a morte, e com sua alma sendo perdida para sempre no mais fundo ponto da Montanha de Saaels.

– Obrigado Filhos… Vocês sempre me darão orgulho, seja nesse mundo ou no outro!! Vocês tem a responsabilidade de guardar o Multiverso de forças malignas. Obrigado e que suas vidas sejam honradas e cobertas de amor, amizade e grande Renovação e Esperança.!!!

– Adeus Mamãe. – Dizia Milo.

– Adeus Papai. – Dizia Zael.

E assim as almas de seus pais descansaram em paz e o grande fenômeno voltaria se repetir a cada 150 anos…”

E foi assim que mesmo sem saber Milo e Zael se tornaram grandes Senhores de Castelo e salvaram o Multiverso de um grande mal, salvando o mundo dos vivos e o mundo dos mortos.

 

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