Conto 04: Um Sonho (Lygia Alves)

Uma certa vez aconteceu um golpe de estado em um planeta pacifico, o rei não pôde evitar, eles tinham o apoio do povo pois estavam passando por uma grave crise econômica, crise essa que o rei não estava conseguindo burlar, eles tomaram o castelo, prenderam o rei e sua corte e assumiram o poder. No começo eles conseguiram se livrar da crise e o povo daquele planeta viveu feliz, mas um deles, um daqueles que lideraram o golpe traiu seus companheiros, prendeu a todos, e se proclamou rei, um rei tão tirano e tão cruel que durante dez anos viveu no luxo e na riqueza, deixando seus súditos na miséria. Pouco a pouco, seus rivais morriam de fome na prisão, parecia que ninguém conseguiria parar aquele tirano.
Chegou um homem naquela cidade, e ele sozinho derrubou o exercito real e matou o rei tirano, o filho mais novo do rei, o único ainda vivo na prisão tomou o lugar de seu pai e mais uma vez o planeta voltou a ser
aquele lugar prospero e pacifico que era antes. O príncipe convidou aquele bravo homem para se tornar membro da corte, mas ele gentilmente negou o pedido alegando que o dever dele era manter o equilíbrio nos
quatro quadrantes no Multiverso, ele era um Senhor de Castelo.

– Mamãe, quando eu crescer eu quero ser um Senhor de Castelo. – disse o menininho pulando pra fora de sua cama e pousando no chão com uma pose heróica.
– Micah! – gritou a mãe assustada ao ver o menino praticamente se atirar da cama – Chega de estripulias menino, já pra cama.
O garoto fez bico, mas voltou pacientemente pra cama, sua mãe o cobriu e lhe deu um beijo na testa.
– Você acha que eu vou ser um bom Senhor do Castelo? Que vou salvar um reino inteiro e lutar contra um exercito sozinho? Heim mamãe? Você acha? Você acha? – a mulher sorriu com seu pequeno ansioso,
tocou levemente sua cabeça.
– Claro que acho! Eu sei que você vai ser o melhor Senhor de Castelo de todo Multiverso.

Ano: 3 250 no calendário da Ordem dos Senhores de Castelo

Ouve-se uma grande explosão e um homem sai correndo por entre escombros, ele carrega uma sacola consigo e é perseguido por vários homens vestidos com armaduras negras, eram guardas. O homem usa uma
capa cinza com um grande capuz, não é possível ver seu rosto, mas é alto e forte, e muito rápido também, os guardas tentam segui-lo, mas ele os dribla facilmente por entre as casas, finalmente consegue
se livrar de todos seus perseguidores escalando uma parede e chegando ao telhado de uma casa, foi pulando de telhado em telhado até que não haviam mais casas, chegara aos arredores da cidade, via o
deserto, três luas brilhavam no céu iluminando as areias tornando-as prateadas.
As luzes da cidade se acendiam, vozes desesperadas, gritos, a maioria da população estava confusa, todos os alarmes soavam ao mesmo tempo e guardas corriam por toda a cidade procurando em todos os cantos, mas todos tinham a mesma certeza: Micah havia escapado novamente. O exercito já estava atrás dele havia anos, mas nunca o pegaram, haviam cartazes de procurado por toda a cidade, mas nenhum dele exibia
sua foto, somente o nome e as descrições de um homem alto usando capuz.
Um veiculo ia a toda pelo deserto, era um veiculo motorizado e que não possuía rodas, ele flutuava a centímetros do chão, era comprido e fino, dando espaço para somente duas pessoas montarem
nele, o assento era duro, o guidão era alto de mais e se levasse um passageiro não havia outra opção a não ser agarrado na cintura do motorista, mas só havia uma pessoa nele. Ia muito rápido, não era
uma velocidade que muitos conseguiriam controlar, mas seu motorista fazia isso com muita destreza, desviando, fazendo curvas, como se estivesse simplesmente caminhando.
Parou o veiculo freando bruscamente, deu varias voltas fazendo muita areia subir, quando finalmente a areia assentou a única coisa que se via naquele extenso deserto era o homem encapuzado e seu veiculo, ele
assobiou três vezes ritmadas e o chão se abriu, metal coberto de areia se levantava abrindo um alçapão, o homem entrou puxando seu veiculo, segundos depois o alçapão descera e o deserto permaneceu
silencioso, era como se nada houvesse acontecido.
– O que nosso rapaz mais sortudo nos traz aqui hoje? – ouviu-se uma voz vinda do fundo de um corredor de metal, o homem deixou seu veiculo e seguiu até o fim dele, chegando numa ampla sala, as paredes
eram de metal, várias pessoas saindo e entrando de corredores, o teto era alto, por todos os lados haviam barraquinhas e pessoas gritando preços, era o mercado negro.
– Mas vejam só quem vem me dar as boas vindas! – o capuz foi removido, não era necessário se esconder ali, o rosto do homem de quase trinta anos foi revelado, traços fortes e bonitos, a barba por fazer, olhos negros, o cabelo escuro medianamente comprido estava preso num rabo baixo, esbanjava um sorriso matreiro e ao mesmo tempo sedutor.
O homem que esperava por ele era baixinho e ranzino, lembrava uma doninha, o nariz fino e comprido, uma barbicha rala e loura como os cabelos, ele estava acompanhado por dois homens altos e musculosos,
eram seus guarda costas.
– Que tem pra mim aí Micah? – perguntou tocando o ombro mais alto, sabendo que teria coisa boa. Recebeu um riso maroto e viu a sacola ser aberta, pode contemplar aquela raridade por míseros segundos, pois Micah a fechara nem bem fora aberta.
– Tem o dinheiro suficiente para pagar por isso Janjan? Porque se você me der o dinheiro a vista e agora lhe vendo com um quarto do preço de desconto. – Janjan tinha o dinheiro, mas é sempre bom barganhar.
– Posso te dar metade em dinheiro e metade em mercadorias, tenho uma pistola nova, talvez esteja interessado. – Micah ergueu uma sobrancelha, se aquilo fosse verdade realmente valia a pena, mas se a pistola não fosse verdadeira…
– Vamos ver essa sua pistola Janjan.
Era uma bela pistola, automática, silenciosa, precisa, mas não era diferente das que ele já tinha, vendeu sua mercadoria a outro por dinheiro vivo. Aproveitou a boa recompensa e foi fazer aquilo que mais gostava, ir ao bar, foi direto para o balcão. Sempre cheio, matadores profissionais, mercenários, todos os fora da lei do planeta Taoo se encontravam no bar subterrâneo Katru, e não eram poucos, muitos naquele planeta viviam de roubar e matar, os poucos que moravam nas cidades e vilas eram pobres e maltrapilhos.
Os nobres daquele planeta eram muitíssimos ricos, fortemente guardados por seus exércitos particulares, quem mandava era o parlamento, formado pelos lideres de cada família nobre, a ordem suprema era: ninguém saia e ninguém entrava, cada pessoa, cada família era vigiada de perto pelos guardas, se alguém tentasse sair do planeta era imediatamente assassinado e o mesmo valia para quem tentasse entrar. Muitos chamavam aquele lugar de prisão e o sonho de cada cidadão de Taoo era poder ir para um lugar melhor.
Aqueles que não queriam viver na pobreza acabavam seguindo para o crime, os mais velhos diziam, nem sempre fora assim, antes havia um só governante votado pelo povo, não existia fome, nem a violência, mas aqueles que enriqueciam queriam mais poder. Historias de velhos, pra criancinha dormir pensava Micah terminando mais uma dose pura de rum, aquele lugar sempre fora uma porcaria, crescera ouvindo historias
de sua mãe sobre os tais Senhores de Castelo e sua missão de trazer equilíbrio, pura abobrinha! Eram pobres, não tinham o que comer, sua mãe morrera doente e ele ficara sozinho. Onde estavam os tais Senhores de Castelo? Se eles realmente existiam, tinham se esquecido de Taoo.
Micah ouviu um barulho alto e duas pessoas brigando, era sempre assim em Katru, qualquer coisa era motivo de briga. Ignorou a baderna e pediu mais uma dose, hoje beberia até dizer chega, depois arrumaria
alguma rapariga de bom preço. Ao seu lado se sentou um homem de longos cabelos loiros, por um momento achou que fosse uma mulher, pois era baixo e magro, mas se tratava de um homem, bem obvio pois não
possuía seios, vestia roupas largas e cor de creme, usava óculos escuros e em seu ombro estava pousado um pássaro negro, um corvo talvez, Micah não sabia dizer. O homem pediu um copo de cok com gelo,
sua voz era suave, não lembrava em nada um mercenário ou bandido.
Bebericava seu rum, procurando em volta alguma mulher que lhe agradasse, mas nenhuma lhe satisfazia, já tinha ficado pelo menos uma vez com cada uma delas, estava a fim de alguma coisa nova. Olhou para
o lado, o homem ao seu lado era bonito, traços delicados, lábios finos, por que não?
– Quanto quer pra passar a noite comigo? Posso pagar quanto quiser. – disse, o homem não olhou pra ele, o corvo olhou.
– Não estou aqui a procura de alguém com quem dormir. – foi a resposta que obteve, a voz suave daquele individuo lhe pareceu fria.
– Ora vamos. – disse lançando seu melhor sorriso sedutor – Todo mundo tem um preço! – mais uma vez o homem não se deu ao trabalho de se virar e lhe encarar, o que fazia seu sorriso não valer nada.
– Se todo mundo tem um preço, me diga quanto você quer pra me levar à Lentus? – perguntou ainda olhando pra frente, tomando um longo gole de cok.
– A cidade dos nobres? Bem essa vai sair caro, heim. Que tal me pagar com seu corpo? – perguntou tocando o sujeito no ombro, ele estremeceu, mas a única coisa que fez foi retirar a mão de Micah sutilmente de seu ombro, ainda assim não olhou pra ele.
– Meu corpo não está a venda. Que tal isso? – tirou do bolso uma pistola que parecia ser feita de cristal, transparente e brilhante, Micah conhecia aquela pistola, e queria muito, não era a verdadeira Pistola de Cristal de Amadanti, mas foram feitas para tentar chegar perto de todo o poder dela, Gildirt havia fabricado aquelas pistolas, sua munição podia ser qualquer coisa que coubesse dentro dela, pedras, jóias, papel, borracha, naquela arma qualquer coisa se tornava fatal.
– Lentus é um lugar perigoso meu caro, por mais que uma pistola de Gildirt seja valiosa ainda assim não é um preço valido. Bem, se queremos barganhar algo que equipare ao seu corpo acho que temos de colocar uns zerinhos junto dessa pistola. – elevou um preço absurdo, achando que não seria pago, mas não podia bobear, Lentus era uma cidade onde nenhum pobre entrava, ir até lá era quase como cometer suicídio. O homem riu.
– Bom saber que meu corpo vale tanto assim. Se esse é seu preço, que tal a pistola agora e o resto quando estivermos perto da cidade, você dirá quando devo lhe pagar. – Micah gostou dessa barganha, sorriu, bem era só levar o homem até lá, não precisava entrar junto com ele, que morresse sozinho, depois teria dinheiro suficiente pra comprar qualquer mulher ou homem que quisesse.
Marcaram de se encontrar na entrada do mercado, no estacionamento dos veículos, Micah levaria o homem que se apresentara como Dubren até os arredores da cidade e depois iria embora. No horário marcado, logo pela manhã Dubren já o esperava. Colocou combustível no seu spyder, conferiu para ver se estava tudo no lugar, se não precisava de nenhuma peça, levantou o banco e guardou seus pertences ali. Perguntou a Dubren se este queria que ele guardasse sua mochila, ela parecia pesada. O pequeno pássaro cutucou o ombro de seu mestre e ele estendeu a mão com a mochila, Micah olhou desconfiado, a mão estava centímetros distante da sua.
– Você é cego! – concluiu por fim, Dubren sorriu.
– Só agora você percebeu? – riu quando Micah tirou sua mochila de suas mãos e a guardou.
– Sabia que tinha algo errado quando meu sorriso sedutor falhou, ele nunca falha. – baixou o banco tendo certeza de lacrá-lo para que os dois não saíssem voando assim que sentassem.– Parece que encontrou alguém imune ao seu sorriso. – brincou
Dubren, sentiu a mão de Micah pegar na sua, ele estava montado no spyder e puxava o outro pra que ele subisse no veiculo.
– Ora, isso é injustiça, sabe. Vem cá! Sobe, temos um longo caminho pela frente. São dois dias de viagem. – Micah ajudou Dubren a subir e os dois sumiram por entre as areias do deserto.
Micah foi devagar no começo, não queria que o pássaro voasse longe da moto, afinal ele era tipo um guia de Dubren, precisava estar por perto, mas não importava o quanto acelerasse, o pássaro estava sempre na frente deles, depois de algumas horas parou para que bebessem água, perguntou a Dubren se a velocidade estava incomodando, ele disse estar tudo bem, era até melhor irem rápido, depois dessa Micah saiu pisando fundo o acelerador, dessa vez estava pau-a-pau com o pássaro preto.
Pararam mais algumas vezes para comer e para beber, mas eram sempre paradas rápidas que duravam poucos minutos, quando a noite chegou e o frio se fez presente eles pararam definitivo para acender uma fogueira, comer alguma coisa, e por fim montar a barraca e dormir. Micah montou a grande barraca em poucos minutos, já estava acostumado, enquanto isso Dubren acendia o fogo, Micah sempre de olho pra ver se o homem cego não precisava de ajuda, mas ele acendeu o
fogo sozinho e já colocava uma pequena panela para esquentar.
– O que é que tem aí? – perguntou terminando de colocar a cobertura por cima da barraca para evitar as tempestades de areia.
Sentou-se ao lado de Dubren, perto do fogo.
– Sopa, você vai querer um pouco? – perguntou mexendo no conteúdo da panela com uma concha de madeira. Micah olhou no interior do pequeno caldeirão, não havia nada estranho ali.
– Eu aceito sim, mas me diz aí Dubren, o que diabos você quer lá em Lentus? Morrer? – perguntou, afinal isso já estava incomodando, sabia que estava sendo bem pago e que não devia fazer perguntas, mas a curiosidade falava mais alto.
– Tenho minhas razões. – disse misterioso pegando duas cumbucas de ferro de sua grande mochila mais duas colheres de plástico.
– Você sabe que pode morrer lá, não sabe? – uma pergunta obvia, só tinha perguntado mesmo pra ter certeza.
– Sei, mas é necessário que eu vá até lá. – encheu as duas cumbucas e estendeu uma para Micah que pegou sua sopa e começou a comer, o pássaro sempre no ombro de Dubren de vez em quando mergulhava o bico na Cumbica de seu mestre – Escuta Micah, porque você quis ser um bandido?
– Fugindo do assunto heim? – riu Micah depois de devorar quase metade da sopa – Ninguém escolhe ser bandido, aqui ou você vai para esse lado ou morre de fome, assim, simples. – terminou virando
todo o liquido num só gole.
– Você nunca pensou em… você sabe… tentar mudar isso? – a pergunta fez Micah quase engasgar de tanto rir.
– Mudar? É nisso que pensamos quando somos pirralhos, ouvimos aquelas historias bonitas que nossas mães nos contam, sobre heróis que mantêm o equilíbrio, mas daí crescemos e vemos que a realidade
é cruel. – o rosto de Micah se tornou obscuro e ele suspirou.
– Mas e os Senhores de Castelo, nunca pensaram em pedir ajuda? – Micah soltou outra risada, dessa vez fria e cruel.
– Você acredita nessas lendas? Esses tais Senhores de Castelo não são nada alem de histórias pra fazer os pirralhos dormir. Eu era um moleque bobo, sonhava em ser um deles. Se eles existem Dubren, esqueceram de Taoo.

Micah entrou na barraca e se deitou, Dubren ficou perto do fogo algumas horas, até finalmente se juntar ao outro e dormir. Acordaram cedo, juntos com os primeiros raios de sol, mais um dia inteiro de viagem e chegaram aos muros de Lentus assim que anoiteceu, Micah pegou seu pagamento e deixou Dubren lá. Uma pena, pensava ele na velocidade máxima de seu spyder, um homem tão bonito, devia ter o que? Uns vinte e cinco anos no máximo, vai morrer moço.
De volta ao mercado ele comprou algumas peças pra seu spyder que estava bastante danificado depois de quatro dias de viagem, estava trabalhando nele no estacionamento quando ouviu uma conversa entre dois homens.
– Você ouviu? O exercito da família Uir foi dizimado por apenas um homem? – disse uma voz atrás de Micah, ele não via a quem pertencia, mas podia ver quatro pés por detrás de um veiculo grande.
– Disseram que foi um tal Senhor de Castelo. Você acredita nessa? – a voz que respondeu soou bastante irônica, era outro homem.
– Esse pessoal pensa cada asneira. Mas foi incrível o fato de ele ter fugido sem nenhum arranhão, pena, provavelmente vai morrer sozinho no deserto. – os dois se foram rindo da desgraça do tal “Senhor de Castelo”.
Micah por um segundo pensou em Dubren, seria ele um Senhor de Castelo? Porem se xingou internamente por pensar tal asneira, Senhor de Castelo cego? E alem disso essa sociedade mágica nem existia mesmo, ignorou esses comentários e continuou a trabalhar em seu spyder.
As idas ao Katru aumentaram bastante, bebia rum quase todo dia, gastou com mulheres, algumas armas novas, peças e combustível para seu spyder. Já passara uma semana que voltara e planejava um novo roubo,
quem sabe ir até a cidade de Jiurus, ali havia alguns comerciantes de jóias. Estava sentado no balcão quando viu um rosto conhecido sentar ao seu lado e pedir uma dose de cok com gelo.
– Vejam só, se não é o Senhor de Castelo cego! – zombou Micah assim que o loiro se sentou ao seu lado.
– Então você descobriu? – disse da mesma maneira que disseram quando Micah descobriu que Dubren era cego. Micah arregalou os olhos e quase cuspiu o rum que acabara de beber.
– Hey! Eu estava brincando, não me assusta assim cara! – disse, mas Dubren sorriu, virando-se para Micah, não enxergava mas sabia que era bom um contato durante esse tipo de conversa.
– Eu não estou brincando, sou mesmo o que pensa que eu sou, você pode pensar que não existimos, que esquecemos seu planeta, mas eu vim aqui investigar a situação, estou indo enviar meu relatório, pode ter certeza que dentro de poucos meses essa bagunça aqui termina. Eu peço desculpas por termos demorado tanto. – a cara de Micah era impagável, uma pena Dubren não poder ver, ele estava querendo rir, querendo dar uma bifa naquele loirinho cego pra ele parar de contar mentiras e parte dele acreditava naquilo que ele dissera.
– Tá, vamos fingir que eu acredito que você não é daqui, como entrou nesse planeta sem ser visto? – perguntou e a resposta foi simplesmente:
– Tenho meus meios. – incrédulo Micah bombardeou Dubren de perguntas.
– E como derrotou uma guarda armada inteira sozinho? Como voltou pelo deserto? Como você vai embora daqui? – para todas as primeiras a resposta foi a mesma da anterior, mas a ultima mudou um pouco.
– Tenho meus meios, mas se quiser vir comigo descobrirá. Você não queria ser um Senhor de Castelo? Sei que tem tudo que precisa para passar nos testes, seus reflexos são incríveis e é um procurado famoso por grandes feitos. Acho que não será você a salvar seu planeta, mas pode salvar muitos outros. Que me diz?
Micah olhava incógnito para Dubren, uma suspeita pairou seus pensamentos, e se ele fosse um espião dos nobres que implantou uma mentira dessas para capturar o procurado Micah? Mas a vontade de sair daquele lugar maldito falou mais alto, já tinha fugido de muitas outras armadilhas, por que não arriscar. Os dois foram de spyder, Dubren guiou Micah até um ponto isolado do deserto, o frio da noite estava quase insuportável, levavam pouca coisa, Dubren tinha sua mochila e Micah tinha todo seu dinheiro e algumas armas consigo.
Dubren tirou do bolso algo que se parecia com uma chave e apertou um botão, uma nave pequena, com espaço para apenas duas pessoas apareceu, era comprida, com grandes motores dos dois lados, um pequeno
canhão de plasma na asa direita, agora tava explicado, era uma nave de ultissima geração, com todo tipo de parafernália tecnológica de camuflagem! Micah adorou aquilo.
– Vamos? – perguntou Dubren entrando na nave seguido de perto por Micah, ele ligou os controles, traçou a rota e colocou o cinto, o outro o imitou. Finalmente saíram da estratosfera, segundos depois viam as três luas, estavam fora de Taoo, a ficha de Micah finalmente caíra, estava indo mesmo embora, tinha mesmo a chance de virar um Senhor de Castelo e realizar um sonho de infância.
– Bem, quer dizer que vou ter mais chances pra te convencer a sair comigo? – perguntou Micah colocando as mãos atrás da cabeça relaxando.
– Primeiro você só queria uma noite, agora quer mais? – perguntou Dubren rindo.
– Isso quer dizer que tenho chance? – sorriu vitorioso.
– Nem em um milhão de anos. – Micah deu em ombros, tinha muito tempo pra convencer Dubren, iriam se ver bastante daqui para frente.

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