Conto 05 – A Maldição (Gabriel Pedro; O Livreiro)

Capítulo I-
E lá estava Kullat ensangüentado, com as armas de seu amigo e companheiro Thagir, caídas ao chão perto de sua mão, ou o que restava dela depois daquela criatura ter lhe despedaçado a mão direita. Justo a mão direita, a mão da mira, a mão que prenunciava e fazia acontecer a morte de seres maléficos. Maldita seja aquela besta que exterminou alguns de meus dedos. Estava em uma redoma, imagine a Terra, e depois imagine um gigantesco oceano, agora faça com que seu espírito mergulhe nessa água e ultrapasse milhares de léguas submarinas, e você finalmente chega ao fundo, e vê uma grande caverna, decide explora-la e assim que entra nela, é transportado para outro lugar, um lugar aleatório como deduziu Kullat, pois Thagir que estava junto com ele, não fora á mesma redoma que ele. Assim que chegou Kullat percebeu que aqueles tantos muros que o cercavam não eram muros sem nenhum propósito, ele estava em um labirinto.
Capítulo II
O sol estava tomando de volta seu lugar, lugar onde não podíamos ver, e assim a noite caía. Kullat já voltara a andar, desta vez lembrando de contos que ouvira quanto pequeno, fazia uma trilha com folhas por onde passava. Ouviu uivos, ouviu uma voz grossa e medonha sussurando em seu ouvido:
— Você chegou mais longe que os outros, pena que irá morrer.
Sentiu uma fisgada de dor nas costas, olhou para trás, e primeiro viu sangue, depois viu um lobo, misturado a algo inconfundível mas do mesmo jeito estranho, viu um meio lobo e meio homem, mas como se a
parte homem fosse deficiente, a criatura se arrastava pelo chão ainda com a mão no tridente que conseguira penetrar por dentro da forte capa de proteção de Kullat, que aliás foi dada pelo Rei, tecnologia como dizia ele sempre que o via.
Kullat sentia o sangue quente pelas costas, mas como seu antigo mestre lhe dizia, “Nunca desista, antes de morrer.”. E ele não desistiu, se desprendeu do tridente, e sacou a velha pistola, mas mesmo assim poderosa, de Thagir.
Tic tic tic tic.
A água onde mergulhou para chegar naquela maldita caverna, deveria ter afetado as balas.
Sacou sua espada ao mesmo tempo que a criatura se reajustava com seu mortífero tridente.
Muito lento – pensou Kullat ao mesmo tempo que a cabeça ainda com expressão de surpresa da criatura caísse no chão.

Capítulo III –
Foi aí que ele viu uma porta aparecendo no muro, e ouviu um barulho incrivelmente alto que a porta misteriosamente fez, agora ele entendia perfeitamente, aquilo era um Labirinto da Criatura, uma vez que se
mata a criatura guardiã do labirinto, uma porta se abriria, e assim, a Criatura ressurgiria condenada a viver assim para todo sempre.
Ouviu Thagir gritando seu nome, e Kullat retornou, após pouco menos de três minutos, embora para Kullat parecesse uma eternidade, Thagir apareceu naquele corredor amaldiçoado como todo o labirinto era.
—Vamos sair daqui, me siga – disse Kullat.
— Com o maior prazer – disse Thagir com só agora vistos por Kullat arranhões no rosto.
Kullat foi o primeiro a entrar, e quando terminou sua passagem, a lógica voltou a sua cabeça. Assim, que uma pessoa passasse pela porta, a porta se fecharia imediatamente, a criatura reviveria, e Thagir ficaria preso lá dentro.
E só sairia quando matasse a besta como Kullat fizera, o que seria bem mais difícil pois a criatura viveria com vigor total. Um pânico tomou conta de sua mente.

Capítulo IV-
Kullat acordou ainda tonto pelo sonho, levantou-se e foi até o quarto ao lado para ver se tudo era realmente um sonho.
Viu Thagir dormindo tranquilamente. Kullat pensou que se seus sonhos já eram tão ruins, não queria nem pensar no que a realidade iria se transformar.
E ele estava certo, pois coisas muito piores que um simples sonho estavam para acontecer ainda naquela noite.

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